domingo, 13 de maio de 2007

O aquecimento global

"O sobreaquecimento não é um problema político, é um problema moral, um problema de sobrevivência".
Al Gore, antigo vice-presidente norte-americano, em 11-05-2007

Al Gore traça cenário climático apocalíptico do planeta em Buenos Aires

O antigo vice-presidente norte-americano Al Gore traçou no passado dia 11 de Maio, em Buenos Aires, um cenário apocalíptico do planeta face às consequências das alterações climáticas, salientando, no entanto, que ainda não é tarde para agir, desde que exista vontade política.
O sobreaquecimento global é "a crise mais perigosa que enfrentamos enquanto civilização", disse Al Gore perante uma plateia de homens políticos e de negócios, reunidos na primeira Conferência americana sobre Bio combustíveis.
Apoiando-se em imagens de degelos de glaciares, Al Gore demonstrou a realidade das alterações do clima que, lembrou, reúnem consenso total entre os cientistas.
"O sobreaquecimento não é um problema político, é um problema moral, um problema de sobrevivência", insistiu.
As consequências já são visíveis e mesuráveis por todos, explicou. O ano de 2005 foi o mais quente desde que existem registos. Se o nível dos mares aumentar apenas um metro, o planeta terá mais cem milhões de refugiados; com um aumento de seis metros serão 400 milhões, alertou.
Al Gore garantiu que não existe qualquer incompatibilidade entre a economia e a defesa do Ambiente. "Todos os meios estão à nossa disposição para inverter a tendência, à excepção da vontade política".
"Se permitirmos que tudo isto aconteça, essa será a decisão mais imoral e contrária à ética jamais tomada na história da humanidade", concluiu Al Gore.

6 comentários:

Amarela disse...

Na sequência do problema do aquecimento global, aqui fica uma notícia positiva:

"EU greenhouse gas emissions drop in 2005":

The key points of the report are:

EU-15: Emissions of GHGs decreased by 0.8 % between 2004 and 2005.

EU-15: Emissions of GHGs decreased by 1.5 % compared to 1990.

EU-27: Emissions of GHGs decreased by 8 % compared to 1990 levels.

Contudo, e como afirma o Presidente da Agência Ambiental Europeia: "The drop in emissions, while positive, must be viewed in context. It represents a decrease over only one year and may not be representative of the trend over a longer period"

Além disso, esta diminuição é em grande parte consequência do desmantelamento de antigas indústrias nos países do ex-bloco soviético. Ou seja, o mérito da Europa Ocidental não é assim tão grande, sendo que na Europa a 15 só a Holanda, Finlândia e Alemanha estão de parabéns.

Podem ver a notícia completa em:
http://www.eea.europa.eu/highlights/eu-greenhouse-gas-emissions-drop-in-2005

Já agora, especificamente para os portugueses: Portugal tem sido um dos países que contribui (muito) para o aumento da emissão de gases com efeito de estufa, como revela o Relatório da Comissão (aumento em 42,2 por cento no ano 2012, torna Portugal o estado-membro mais poluente da UE neste domínio, revela relatório da Comissão Europeia).

Serve-nos de aviso, já que a maior parte das emissões resultam de transportes que todos nós optamos por usar em cada dia.

eduardo alves disse...

“Se, realmente, tivessem os homens tanta preocupação com as coisas boas, quanto ardor põem na busca do que lhes não pertence, do que nada lhes valerá e até de muita coisa perigosa, seriam dominados pelos acontecimentos menos do que os dominariam a eles, e chegariam àquela grandeza de, mortais, se tornarem, pela gloria, eternos.”
Salústio, A guerra de Jugurta

Não concordo com a posição do senhor Al Gore quando diz que o aquecimento global não é um problema político. Pondo de parte as minhas considerações pessoais sobre as motivações que o movem, não me parece que tenha uma ideia correcta do que deve ser a politica, talvez isso derive dos muitos anos que se moveu dentro da esfera do poder em Washington. O problema do aquecimento global é um problema moral, um problema de sobrevivência mas também é um problema político na verdadeira acepção da palavra. A política é, ou devia ser, a prossecução do interesse comum pelos titulares dos cargos públicos ou pelos aspirantes a tal; estes cargos existem por derivação do povo que escolhe limitar a sua esfera de acção individual para que prossiga a vontade geral, que como explica Rousseau nem sempre corresponde a vontade da maioria. Não existe assim tema mais premente a nível da vida em sociedade que o aquecimento global, como Al Gore prega, logo nenhum tema é mais premente a nível político. Talvez o autor tivesse em mente a politica como a interacção dos partidos com o poder público e com os interesses privados, de facto o sistema politico dos E.U.A é muito permeável as influencias dos lobbies económicos, que operam sem grande preocupação de discrição; veja-se o exemplo da candidatura para a presidência dos E.U.A, as candidaturas são financiadas em grande parte por empresas ou lobbies, como se diz na gíria popular “ninguém dá nada a ninguém”.
Não sou apologista desta visão apocalíptica do aquecimento global, não existe duvida que é um dos maiores problemas que a humanidade enfrenta, mas este tipo de discurso recorda-me aquela visão católica conservadora de aterrorização dos fiéis com o medo do inferno. É necessária uma abordagem resoluta mas que transmita as pessoas, não uma obrigação inflexível sob a ameaça do armagedão, mas a necessidade de contribuir para o equilíbrio ecológico do planeta, tanto mais que esta abordagem será mais eficaz na consciencialização do público. Porém não defendo a visão relativizadora do aquecimento global, cujo exponente máximo é a actual administração norte americana, trata-se de um problema de resolução fundamental que poderá gerar serias consequências ainda durante a nossa esperança de vida. Assim não podemos esperar pela solução “until hell freezes over”.

Anónimo disse...

O Sr. Al Gore tal frei Tómas manda fazer o que não faz : 30 000 dólares (!) de conta de luz e gás, uma média de 221000 Kw/h de consumo doméstico, e um avião particular para as suas viagem rumo às suas conferências (nada eficiente , ecologicamente considerando, está claro!) .
Mas na verdade , não é o facto do mensageiro não se identificar com a mensagem, que esta perde o seu valor. Uma coisa é o papel ser reciclado ou não , outra coisa são as letras, as frases e o texto nele impresso... “uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa” ( não me lembro da senhora).
Não estamos, de facto perante um problema político, a Política implica alternativas, implica relativismos, implica opções de vida ( sociais, económicas...), mas quando se fala de aquecimento global e dos seus efeitos está-se a falar não de opções de vida mas, no limite, de opções entre a vida e a morte. Não se acuse tal visão de apocalíptica ( pois no fim de tudo as baratas hão-de ,sempre , sobreviver!), trata-se de uma realidade que apesar de potencialmente catastrófica , é cientificamente "palpável" , realidade essa que apesar de não actual, é cognoscível, e negar a sua dimensão trágica não passa da tão conhecida (pelos psiquiatras e psicólogos) fase de negação: negar o evidente; negar a verdade por nos ser inconveniente ; negar a nossa própria estupidez.
Mas se concordo com o sr.Al Gore quando diz que não se trata de uma questão política mas de pura sobrevivência , já não concordo quando identifica o problema como uma questão moral. Não se trata de moral, trata-se de sobrevivência, de uma instinto básico animal que não se identifica com a natureza vaga , relativa e mutável da noção de moral. O Homem precisa reaprender a sobreviver , a identificar os perigos, como aliás qualquer animal não racional faz, mas na verdade o que parece existir é a perca deste instinto básico animal da sobrevivência, parecer haver uma noção ( qual adolescentes) de invulnerabilidade, quase de omnipotência perante a Natureza.
Dito isto, tomo a liberdade reformular a frase :
Não se trata de uma questão moral ou política, mas uma questão de pura sobrevivência.

Adalgiza disse...

O problema do aquecimento global atingiu as proporções que atingiu porque o ser humano até agora não tomou consciência da dimensão do problema e quais as suas consequências.Muitas pessoas ouvem falar do aquecimento global e até agora não sabem explicar exactamente o que é que é, isso para não se falar do conformismo que é próprio do ser humano na medida em que vemo-nos satisfeitos com a mínima atitude positiva como por exemplo vemos que houve uma diminuição dos gases poluentes e pensamos que nem tudo é mau e que estamos a evoluir mas neste caso é necessário um esforço de todos e uma actuação rápida e eficiente.
É necessário ter a consciência de que o que está aqui em causa é a sobrevivência do próprio planeta e dos seus habitantes.Pois com o aquecimento global temos cada vez mais o problema da extinção de algumas espécies animais pois muitos não aquentam a alteração do clima, o derretimento do gelo e o aumento do nível das águas do mar é um problema real.
A mudança de clima pela qual estamos a passar é o maior reflexo do aquecimento global cada vez mais temos duas estações (verão e inverno) em vez de quatro, os invernos são cada vez mais frios levando a morte muitas pessoas e os verões mais quentes e o calor também faz com que a taxa de mortalidade aumente devido aos problemas dos raios ultra-violetas, aos problemas de pele, a desidratação entre outros problemas de saúde.Apesar de não repararmos nisso o derretimento do gelo afecta a todos nós e convém lembrar que existem países que ficam abaixo do nível da água do mar e que são os principais afectados por esse problema.

É necessário que haja uma consciencialização global do problema pelo qual estamos a passar e que haja um esforço de todos para minorar os seus efeitos começando pelos países industrializados e não basta haver campanhas de sensibilização é necessário cada vez mais que haja uma tutela penal e uma responsabilização civil e criminal só assim é possível fazer algo pelo planeta.

Anónimo disse...

Todos os dias acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que tão rapidamente estão a ocorrer no clima mundial. Nunca se tinha assistido a mudanças tão visíveis e com efeitos tão devastadores como as que temos comtemplado nestes últimos anos.

O mundo tem sido castigado por ondas de calor de até 40 graus centígrados, ciclones atingem os mais variados países, o número de desertos aumenta de dia para dia, fortes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do planeta e as calotes polares estão a derreter a uma velocidade vertiginosa, arriscando o avanço dos oceanos sobre as populações.
É facto assente na comunidade científica e na sociedade em geral que tudo isto está relacionado com o aquecimento global.

Os entendidos afirmam que este aquecimento está a ocorrer devido ao aumento do uso de poluentes, principalmente gases derivados da queima de combustíveis fósseis. Estes gases (sobretudo ozono, carbono e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o famoso efeito de estufa. O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colabora para este processo. Os raios de Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora o fenómeno se verifique mais nas grandes cidades, ele é já evidente a nivel global.

O aumento da temperatura provoca a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando os ecossistemas. Possibilita ainda uma maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando o aumento de furacões e ciclones, já para não falar nos efeitos bastante perigosos causados nas pessoas, que por vezes terminam mesmo em morte.

Ao Sr. Al Gore responda-se que apesar de ser um problema bastante real e sério, o aquecimento global nunca deixará de ser um problema político. À classe política cabe defender os interesses dos cidadãos, e se aquilo que estamos aqui a tratar não se subsume nestes interesses então não sei o que se subsumirá. Cabe aos nossos representantes as preocupações de tentar minimizar ao máximo estes efeitos nefastos e os modos de os evitar no futuro. É urgente salvar o ambiente enquanto ele puder ainda ser salvo.

Insista-se ainda que se a classe política norte-americana (o Sr. Al Gore e outros) aceitasse e respeitasse o Protocolo de Quioto com certeza assistiriamos a melhorias no estado do ambiente em geral, visto habitarem o país que mais polui no mundo.
Era importante que as classes políticas se apercebessem que só elas poderão travar esta destruição silenciosa do planeta.


João Galrão

Indira disse...

O problema do aquecimento global é tanto um problema político, moral, como de sobrevivência. É político porque está nas mãos dos governos a mudança de políticas ambientais e económicas, assim como o é pelo facto de os Estados terem como subterfúgio aos limites de emissão de gases poluentes impostos pela Convenção de Quioto, a compra de quotas de poluição estabelecidas para cada Estado, conseguindo assim poluir tanto ou mais do que deveria, quando a posição que deveria ser tomada face ao cenário quase catastrófico é o no sentido de tentar poluir menos. É claramente um problema de sobrevivência posto que, está mais do que provado que o aquecimento global está a provocar o degelo de zonas glaciares, levando ao aumento do nivel de mar que poderá causar inundações cada vez mais frequentes, causará a extinção de espécies cujo habitat é essencialmente essas zonas glaciares, assim como traduz-se num perigo para os própios homens, que por ironia do destino são os responsáveis por esse cenário em que hoje vivemos e que se prevê piorar se nada for feito. É um problema moral dado que, os governos têm que deixar da hipocrisia com que têm agido ao fingir que estão a poluir menos quando o que estão a fazer é poluir mais e assim acabam po pôr em causa o princípio do poluidor-pagador, cuja essência não é tida em conta já que a mera coima não incentiva o poluidor a não poluir porque fica-lhe mais barato do que criar estruturas para diminuição ou eliminação da poluição que produz. Mas não é problema moral só em relação aos Estados, é também em relação ao homem que continua com a ganância de ganhar dinheiro com indústrias sem olhar para os prejuísos que causa ao ambiente, que continua a usar transportes a torto e a direito, como por exemplo só para ir à rua traseira comprar pão. Há muito para ser mudado na mente dos homens, triste é que só com graves consequências é que abrimos os olhos e lembramos que não somos indestrutíveis.